. . . Universidade Federal de Minas Gerais.
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TROMBOSE:
"A trombose é uma conseqüência
de 3 tipos de alterações, agindo isolada ou simultaneamente:
. Alterações da parede vascular
ou cardíaca;
. Alterações reológicas ou
hemodinâmicas;
. Alterações na composição
sangüínea com hipercoagulabilidade."
Conceito:
Solidificação dos constituintes normais do sangue, dentro do sistema cardiovascular, no animal vivo. Trombo é a massa sólida formada a partir do processo da trombose. Deve ser diferenciado da coagulação extravascular (hemostasia) e da coagulação post mortem.
A trombose é uma conseqüência de 3 tipos de alterações ("Tríade de Virchow"), agindo isolada ou simultaneamente:
Alterações da parede vascular ou endocardíaca:
Evidenciável na maioria das tromboses arteriais e cardíacas, e em algumas venosas.
Causas: Traumas (punções muito repetidas, por exemplo), localização de bactérias na superfície vascular, infecções virais de células endoteliais, migração de parasitos na parede vascular (angeites e endocardites), arteriosclerose, infarto no miocardio, erosões vasculares decorrentes de infiltrações neoplásicas.
Mecanismo: Lesão endotelial ou endocardíaca provocando exposição do colágeno subendotelial, com conseqüente adesão e agregação plaquetária, e desencadeamento do processo de "coagulação", além da contração das células endoteliais ou endocardíacas.
Alterações reológicas ou hemodinâmicas:
Por estase (ß velocidade do fluxo): Importante principalmente na trombose venosa. A estase altera o fluxo lamelar fazendo com que as células (inclusive plaquetas) que ocupavam a corrente axial passem à corrente marginal, facilitando o contato plaquetas - endotélio, ao tempo que concentra os fatores da coagulação.
Por turbulência: Predispõem à deposição de plaquetas (por alterar o fluxo lamelar com modificação da corrente axial em marginal) e por traumatizar a íntima cardiovascular, facilitando a exposição do colágeno subendotelial. Por esse motivo é consideravelmente maior a freqüência de trombose nas áreas de estenose e bifurcação vasculares.
Alterações sangüíneas (Hipercoagulabilidade):
Um dos fatores mais importantes na trombogênese.
Trombocitose: Anemias ferroprivas, após hemorragias graves (pós operatórios, principalmente de esplenectomias), doença de HODGKIN, disseminação de neoplasias malignas e síndromes mieloproliferativas.
Incremento de fatores da coagulação: na gestação (VII e VIII), síndrome nefrótica (V, VII, VIII e X) e em algumas neoplasias malignas.
Redução da atividade fibrinolítica: diabete melito, obesidade, síndrome nefrótica (perda urinária de antagonistas da coagulação).
Aumento da viscosidade sangüínea: Anemia falciforme (ß da flexibilidade da hemácia), policitemia, desidratação e queimaduras.
Lise: Ação da Plasmina (Fibrinolisina) sobre alguns dos fatores da coagulação (V, VII, XII e protrombina), fibrinogênio e fibrina digerindo-os. Impede também a ressíntese da fibrina (impossibilita a polimerização), inibe a agregação plaquetária com efeito anti-trombina direto. A possibilidade e a velocidade da lise dependem do volume do trombo e da conservação parcial do fluxo (fonte de fatores fibrinolíticos).
Amolecimento puriforme: O trombo, como um corpo estranho, é invadido por neutrófilos que podem promover a digestão enzimática da massa central, convertendo-o num saco com conteúdo puriforme (ou purulento, se o trombo for séptico), que pode se romper e liberar na circulação o líquido assim produzido. Comum nos trombos volumosos das câmaras cardíacas e sacos aneurismáticos.Organização: Invasão do trombo por macrófagos, fibroblastos (ambos aparentemente oriundos de monócitos) e por brotos de neovascularização (proliferação endotelial), que culminam com a transformação do mesmo em tecido de granulação.
Canalização: Ocorre quando os vasos neoformados na fase de organização anastomosam-se, permitindo o restabelecimento parcial do fluxo sangüíneo (auxiliado pela fibrose e retração do trombo). Calcificação: Comum nos trombos sépticos e nos organizados , principalmente nos venosos (formando os "flebólitos") que podem permanecer firmes na parede vascular ou desprender-se e cair na corrente circulatória.
Colonização bacteriana: Nas septicemias, germes podem aderir e colonizar um trombo asséptico, tornando-o séptico. É mais freqüente nos trombos brancos, principalmente nos localizados no endocárdio.
Embolização: Muito freqüente. Decorrem da fragmentação ou descolamento de trombos inteiros. É favorecida pelo amolecimento puriforme, pela fragilidade na fixação do trombo, pelo retardamento na lise ou na organização, pela compressão da região, pelo esforço e aumento do fluxo sangüíneo, etc...
Características Macroscópicas:
Venosos: geralmente vermelhos e oclusivos, de aspecto úmido e gelatinoso (lembrando os coágulos post- mortem, porem firmemente aderidos ao endotélio [quando retirados à necropsia, deixam uma superfície rugosa e sem brilho.].
Cardíacos: Brancos (secos,
friáveis, inelásticos, associados à alterações
no endocárdio) ou vermelhos [?] (semelhantes aos venosos, associados
sobretudo ao retardamento da circulação sangüínea
nas câmaras cardíacas, como visto nos aneurismas cardíacos
na miocardite chagásica crônica).
Arteriais: Geralmente brancos, oclusivos
ou semi-ocludentes.
Características Microscópicas:
Brancos: Apresenta lamelas amorfas, granulosas, desprovidas de células e levemente eosinofílicas. São formadas por plaquetas conglutinadas e desintegradas e se bifurcam ("lamelas secundárias") dando ao trombo um aspecto coraliforme típico. Na periferia das lamelas ocorre um grande infiltrado de neutrófilos - a chamada "Orla marginal".
Vermelhos: Constituídos de
rede de fibrina com conglomerados plaquetários nos pontos nodais,
retendo em suas malhas leucócitos e hemácias (lembrando um
coágulo - a diferença entre os dois são as lamelas
plaquetárias dos trombos).
Dependem de:
- Tipo do trombo;
- Localização;
- Tipo anatômico da circulação (terminal, colateral ou dupla);
- Vulnerabilidade dos tecidos à hipóxia.
Em geral temos:
- Isquemia, levando à degenerações e às hipotrofias ou ao infarto;
- Hiperemia passiva, levando ao edema, às degenerações e às hipotrofias, ou ao enfarte vermelho.
- Embolia.
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