. . . Universidade Federal de Minas Gerais.
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Características macroscópicas:
Variam conforme o tipo morfológico da necrose.
Como características comuns, podemos ter:
- Diminuição da consistência e elasticidade (devido à lise dos constituintes celulares), verificados facilmente em órgãos parenquimatosos (ex.: fígado e pulmões) quando uma simples compressão digital determina a perfuração da cápsula ["friabilidade"] ou mesmo nas alças intestinais, que quando suspendidas se rompem não suportando seu próprio peso.
- Alterações na coloração e aspecto geral:
- Ýda palidez e opacidade, determinando uma coloração mais brancacenta ou acinzentada, típica da necrose de Coagulação, vista nos infartos brancos ou isquemicos;
- Escurecimento do órgão, quando este por ocasião da necrose estiver repleto de sangue - típica da necrose edematosa e hemorrágica, vista nos infartos vermelhos ou hemorrágicos;
- Liquefação do tecido necrótico - típica da necrose Coliquativa ou Liquefativa, vista nas malácias do SNC e nas necroses supurativas na região central de abscessos, determinando a cavidade neoformada onde se alojará o pus;
- Formação de massa brancacenta ou amarelada, pastosa, friável, lembrando à caseína do queijo - típica da necrose Caseosa ou de caseificação, vista no centro dos granulomas causados pelo Mycobacterium tuberculosis e suas variedades [exceção: M. avium] na tuberculose;
- Formação de massa gomosa, compacta, "emborrachada" ou fluida, lembrando à "goma arábica" - típica da necrose Gomosa, vista no centro dos granulomas vascularizados causados pelo Treponema palidum, na sífilis ou Lues tardia;
- Formação de pequenas massas esbranquiçadas, lembrando à "parafina derretida" em tecidos ricos em lípides - típica da necrose Enzimática das Gorduras, vista no omento e tecido pancreático, nas pancreatites agudas e no tecido adiposo das glândulas mamarias.
Variam conforme o tipo morfológico da necrose.
Só constatáveis quando o organismo como um todo sobrevive, e após 3 a 8 horas da cessação dos processos metabólicos e atividades vitais. ("Necrofanerose").
- Alterações nucleares:
- Cariopicnose (gr. "Picnos" = espessamento): Redução de volume e aumento da basofilia, com homogeneização do núcleo ( Contração nuclear + condensação da cromatina);
- Cariorrexe (gr. "Rhexes" = Ruptura): Ruptura em vários fragmentos, com distribuição irregular da cromatina, acúmulo de grumos em torno da carioteca e posterior desintegração em grupos amorfos com perda dos limites nucleares.
- Cariólise ou cromatólise (gr. "lysis" = dissolução): Dissolução da cromatina por hidrólise dos ácidos nucleícos gerando hipoacidez e redução da basofilia nuclear.
- Ausência de núcleos: Conseqüência da cariólise total.
- Alterações citoplasmáticas:
- Aumento da acidofilia citoplasmática: devido ao desacoplamento ribossômico (Diminuição de RNA no citosol), ao aumento de acido láctico no citosol, e à desnaturação de cadeias peptídicas com incremento de cargas negativas.
- Granulação citoplasmática: devido a tumefação e posterior ruptura de organelas (principalmente mitocôndrias e REL).
- Homogeneização citoplasmática: com a lise das organelas e coagulação das proteínas forma-se uma massa opaca e acidófila, vista principalmente nas necroses coagulativas.
- Ruptura da membrana celular: com liberação do material intracelular, formando uma massa indistinta eosinofílica homogênea, vista principalmente nas necroses de caseificação.
- Alterações da célula como um todo:
Características ultraestruturais:
- Alterações citoplasmáticas:
- Degranulação, tumefação e posterior precipitação de fosfato de Cálcio na membrana interna das mitocôndrias, marcando o "ponto de não retorno".
- Desacoplamento ribossômico no RER e dissociação dos polissomos, marcando a parada na síntese protéica e liberação/ativação de enzimas líticas.
- Alterações nucleares:
- Ruptura e coalescência dos cromossomos (condensação da cromatina) marcando a parada na replicação e síntese de RNAs.
Qualquer agente agressivo, desde que a agressão seja letal, i.e.: grave, intensa, contínua ou não, mas que ultrapasse o "nível zero de habilidade homeostática"
Dependem de:
- órgão afetado: quanto mais essencial à vida, mais graves as conseqüências;
- extensão da lesão: quanto maiores, mais graves as conseqüências
- causas da necrose:
Infarto extenso no baço - Não compromete seriamente a vida do paciente...
Qualquer necrose, de qualquer extensão, no encéfalo - hemiplegias, alterações neurológicas, e mesmo a morte;
O tecido necrótico comporta-se como um corpo estranho (devido à liberação de Antígenos escondidos), suscitando uma reação inflamatória na tentativa de eliminar a área necrosada
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