. . . Universidade Federal de Minas Gerais.
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Conceitos, Pigmentações exógenas patológicas (Tatuagem, argirismo, saturnismo, carotenose e "pneumoconioses" ), Pigmentações endógenas patológicas (Autógenas: Melanose, albinismo e lipofuscinose ) e (Hemoglobíneas: Hematinose, hemocromatose, hemossiderose, porfiria e icterícia)
As pigmentações patológicas ocorrem em numero considerável de doenças, mas o pigmento em si raramente ocasiona alterações histofisiológicas significativas (i.e. raramente é causa de problema, é mais um sinal deste!). Exceção: Hemocromatose.
Fragmento | Þ | Copo com água e éter + Agitação | Þ | 1. Fragmento flutua = Esteatose |
2. Éter se cora = Carotenose | ||||
3. Água se cora = Icterícia |
Melanina: Pigmento granular, amarelo, pardo ou negro, de natureza protéica, insolúvel nos solventes comuns, que não contem ferro nem gordura e resiste aos ácidos e álcalis, sendo entretanto destruído pela oxidação (H2O2). Dá cor escura à pele, ao cabelo, à íris, à retina, corpo ciliar e coróide, à mucosa oral de cães, aos cascos e chifres (conforme a raça).
Função: Proteger contra radiações em geral (principalmente Ultra Violeta - que é penetrante.).
Metabolização (SEIJI & IWASHITA, 1965):
- Tirosina + Tirosinase(Cu) = Dihidrofenilanina ----> Melanina blastos Ribosomos --> RE --> Golgi --> Melanosomos/ Melanócitos Melanófagos ou Cromóforos (Células de natureza macrofágica)
Distúrbios ligados à melanina ou similares(*):
A) Aumento Localizado: Nevos, Melanoma, Melanose, Acantose Nigricans e Ocronose(*).
A) 1- Nevos Pigmentados: São má formações de aspecto tumoral ("Hamartomas"), também considerados por alguns como verdadeiras neoplasias benignas ("nevoblastomas"), oriundos dos melanócitos e melanoblastos. Em medicina veterinária são de pouca importância, só sendo citados em cães e suínos (WEISS & FRESE, 1974).
A) 2- Melanomas: Neoplasias comuns em cães, eqüinos tordilhos ou albinos; incomuns em bovinos e suínos; e raros em gatos e ovinos. Localização mais freqüente por espécie:
- Região ocular ou oral - cão;
- Períneo e região da parótida - eqüinos.
- Qualquer lesão pigmentada que comece a crescer, que tenha alterações na pigmentação ou que venha a sangrar deve ser estudada microscopicamente - procurando-se alterações juncionais, invasividade, e mitoses frequentes e anormais, com anaplasia.
A) 3-Melanose: Cutânea (melanodermia facial, similar ao lentigo humano - comum em cães) ou visceral (geralmente congênita, afetando principalmente serosas como as meninges, pleura, capsula de Glisson hepática, e as vezes a aorta). As máculas de melanina se dispõem caracteristicamente em "tabuleiro de xadrez", com limites nítidos, sendo mais frequentes e intensas em animais (principalmente ovinos) jovens. Não tem significado clínico.
A) 4- Acantose Nigricans: Dermatopatia idiopática do homem e de cães (principalmente em dachshunds, airedales e terriers), de curso crônico, caracterizada por hiperpigmentação, alopecia e liquenificação, de maneira progressiva, circunscrita e simétrica. Afeta principalmente a região das axilas, flancos, abdome, região inguinal, face interna dos membros posteriores e escroto.
A) 5- Ocronose: Distúrbio do metabolismo intermediário da fenilalanina, por transtorno na síntese da enzima homogentísico oxidase, que ocasionará alcaptonúria e pigmentação com acido homogentísico (similar à melanina) nas cartilagens. Já' descrito no homem, no chimpanzé e em bovinos (GRABELL & NILSON, 1977).
B) Aumento Generalizado: Melanodermias secundárias (gestação, hipoadrenalismo, radiações).
B) 1- Melanodermias secundárias:
C) Diminuição local: Vitiligo, Acromia cicatricial e acromotriquia.
C) 1- Vitiligo: Acromia localizada adquirida, idiopática, geralmente simétrica, irregular e delimitada, com hipercromia periférica. Provavelmente decorrem da perda de atividade enzimática local dos melanócitos. Já' descrita em eqüinos (DUPONT, 1971).
C) 2- Acromia cicatricial: decorre da exaustão dos melanócitos ou de sua destruição.
C) 3- Acromotriquia: Na senilidade (comum no homem, nos eqüinos, nos cães e gatos) e mesmo em algumas deficiências nutricionais (cobre, ácido paraminobenzoico, ácido pantotênico). As radiações intensas, após um período de hiperpigmentação, podem levar à acromotriquia em consequência da exaustão dos melanócitos.
D) Diminuição geral: Albinismo e acromia senil e/ou nutricional.
D) 1- Albinismo: Despigmentação generalizada congênita (geralmente condicionada por gen autosômico recessivo) decorrente da incapacidade dos melanócitos de sintetizar a tirosinase (ou tirosina oxidase), importante na síntese da melanina. Descrito em eqüinos (geralmente estéreis), em coelhos, em cães (principalmente collie e bulldog) e gatos (geralmente surdos, devido à hipoplasia do órgão de Corti) e em coelhos.
2) Pigmentações patológicas relacionadas a lipofuscina e similares:
Existem várias substâncias coráveis, que derivam principalmente ou parcialmente de lípides ("lipocromos endógenos"), mas suas individualidades ainda não estão claramente estabelecidas. Assim, muitos autores consideram como sinônimos os vários termos - "Pigmento ceróide"; "pigmento da atrofia parda" ou "lipofuscina"; "cromolipóide"; "citolipocromo"; "pigmento de Abnutzen"; "pigmento da deficiência de vitamina E"; "acid fast pigments"; "wear and tear pigment"; "pigmento do desgaste"; "aging pigment"...
Conceito: Grupo homogêneo de pigmentos pardacentos, derivados da oxidação de lipídeos ou de lipoproteínas, geralmente insaturadas. Ocorrem em condições de senilidade ou caquexia (caracterizando a "Atrofia Parda") numa grande variedade de tecidos (coração, músculos esqueléticos, fígado, adrenais, neurônios, tireóide e paratireoide, rins, ovários, testículos e mesmo em linfonodos). São resistentes aos solventes lipídicos, reduzem os sais de prata, são negativos para os corantes para ferro e se coram com corantes lipídicos (sudanofílicos). Suas características, no entanto, podem variar de tecido para tecido, e em um mesmo tecido, de tempo para tempo (FARIA et alii, in BOGLIOLO, 1979).
Características macroscópicas: Empardecimento do órgão, de fácil evidenciação em tecidos musculares. caracterizando a "Atrofia Parda".
Características microscópicas: Grânulos pardo amarelados ou marrom escuros, fluorescentes (?), ferronegativos, PAS positivos (?). distribuídos esparsamente no citoplasma ou próximo aos pólos dos núcleos nas fibras musculares.
Características ultraestruturais: Massas irregulares compostas de corpúsculos eletrodensos de tamanho variados, embebidos numa matriz de menor densidade.
Significado: Acredita-se que a lipofuscina e similares sejam resultados de autofagia (consequência dos "Citossegresomos"). Assim, os lipídeos oriundos dos componentes celulares fagocitados seriam parcialmente digeridos no interior dos fagolisosomos produzindo os pigmentos. As variações tintoriais poderiam estar relacionadas com as fases do processo de autofagia.
3) Pigmentações patológicas hemoglobíneas :
Introdução:
A hemoglobina (Hb) é composta basicamente de uma proteína do grupo das histonas (globina) e de 4 grupos prostéticos derivados da síntese de porfirinas (Grupo Heme, cromático, tetrapirrólico). Este grupo Heme, por sua vez, é constituído de um grupo férrico (pigmentos ferruginosos) e de um grupo cromático isento de ferro (protoporfirina III). Isto explica por que tanto pigmentos ferruginosos quanto não ferruginosos podem ser formados a partir da Hb.
Classificação dos Pigmentos hemoglobíneos:
Porfirias:
Conceito: Distúrbio na biossíntese (enzimopatia anabólica) do grupo prostético Heme, que resulta num acúmulo de porfirinas e de seus precursores no organismo, e no aumento da excreção de copro e uroporfirinas nas fezes e urina, alem da presença de altas taxas dessas substancias na circulação sanguínea.
Etiologia:
Características clínicas e anatomopatológicas:
Hemossiderose:
Conceito: Acúmulo anormal de hemossiderina* nos tecidos, especialmente nos macrófagos da derme, do fígado, do baço, da medula óssea, linfonodos e pulmões.
* Hemossiderina: Pigmento brilhante, amarelo ouro ou castanho escuro, resultante da degradação da Hb, cujas características são:
Etiologia: Hemólise excessiva, local ou geral
de ocorrência local:
de ocorrência geral: Nas anemias hemolíticas, quaisquer que sejam as causas, associada à hiperprodução de hemobilirrubina.
Características macroscópicas: Quando intensa, a hemossiderose determina uma coloração ocre amarronzada, facilmente detectável no fígado, no baço, nos linfonodos, no miocardio e no pâncreas.
Características microscópicas: Grânulos brilhantes dourados ou pardacentos, azul da Prússia positivos, de tamanhos variados, entre as células (nos linfonodos, principalmente) ou dentro de macrófagos e/ou células epiteliais.
Hemocromatose:
Distúrbio raro do metabolismo do ferro (não descrito ainda em medicina veterinária) no qual uma quantidade excessiva de ferro é absorvida pelo intestino ou entra no organismo via transfusão, levando á deposição , ao longo dos anos, de pigmentos semelhantes à hemossiderina (neste caso chamado por alguns autores de "hemofuscina"), no interstício, nos macrófagos, e mesmo em células epiteliais da pele, fígado, rins, pâncreas e glândulas salivares. Esta deposição excessiva irrita e acaba por determinar fibroplasia e atrofia parenquimatosa, levando com freqüência à cirrose hepática e à atrofia das ilhotas de Langerhans do pâncreas - "Diabete Bronzeada".
Hematinoses:
Conceito: Ocorrência de pigmentação resultante da catabolização anormal da Hb, sob ação de ácidos ou álcalis (em tecidos fixados com formol não tamponado e não neutralizado, ou em tecidos com pH muito alto ou baixo e que tenham hemorragias - exemplo: Úlcera péptica...) ou de enzimas digestivas de parasitos hematófagos.
Tipos de hematinas:
Desordens ligadas à hematoidina e pigmentos biliares
Conceitos:
Hematoidina: Pigmento derivado da metabolização do grupo corado (protoporfirina III), azul da Prússia negativo (isento de ferro), de estrutura química semelhante à bilirrubina (Bb), ocorrendo nas proximidades de hemorragias antigas na forma de grânulos amorfo amarelados, vermelho alaranjados (às vezes lembrando um "ouriço") ou então de pequeninas placas romboidais dispostas radialmente. Resulta da ação hemocaterética de macrófagos locais sobre as hemácias extravasadas, traduzindo um processo localizado (diferente da Bb nas icterícias).
Pigmentos biliares: Grupo de pigmentos oriundos da metabolização do grupo corado (protoporfirina III), azul da Prússia negativos (isentos de ferro) ocorrendo normalmente nas células do sistema monocítico fagocitário em decorrência da hemocaterese (eliminação de hemácias velhas).
Metabolização dos pigmentos biliares:
Icterícias:Conceito: Desordem importante caracterizada por uma coloração amarelo-esverdeada nos tecidos, causada pela elevação dos níveis séricos de pigmentos biliares.
Classificação:
Características macroscópicas:
Características microscópicas:
Icterícia pré hepática:
*Causas: Doença hemolíticas graves - AIE (forma aguda), piroplasmose, leptospirose, infecções com Streptococcus hemolíticos, com Clostridium spp, com Bacillus anthracis, intoxicações com ricina, saponinas, veneno de cobra, chumbo, ácido pirrólico e nitrobenzeno.
*Mecanismo:
*Achados: Ý HemoBb no plasma (com deposição nos tecidos); Ý Urobilinogênio nas fezes e urina.
Icterícia hepática:
*Causas: Quaisquer lesões hepáticas que determinem diminuição da capacidade funcional dos hepatócitos - Intoxicações, Infecções , Neoplasias.
*Mecanismo:
*Achados: Ý Hemo e ColeBb no plasma (com deposição tecidual)
Icterícia pós hepática:
*Causas: Quaisquer obstruções nas vias biliares (intra ou extra hepáticas) que determinem acúmulo de ColeBb no fígado com reabsorção dessa e aumento nos níveis séricos com deposição nos tecidos. Parasitoses intestinais (Ascarídeos, Thysanossoma actinioides); Colelitíases, duodenite, compressões ductais (neoplasias, granulomas, abscessos, tecido conjuntivo na cirrose hepática).
*Mecanismo e achados:
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